domingo, 3 de fevereiro de 2008

:.Está ainda a decorrer a temporada da decadência, camuflada com a parvoice excessiva de quem quer parecer que está bem.:

Estou no meio de um vazio de gente,
gente que não vejo, não oiço, não sinto.
Sei que estou a mais, que sou dispensável, que não pertenço aqui.
Mesmo assim fico...
De olhos vidrados, com lágrimas a queimar para cair
de uma emoção tão bruta que me greta o rosto.
Estas com ela nos braços, de olhos fechados mordendo o lábio,
só te vejo a ti,
só a oiço a ela,
só os dois eu sinto.
Olhas-me,
sorris,
e eu desespero.
Sei que sabes,
toda a gente sabe,
o meu sentimento virou transparente, público e crescente.
Irrita-me, ferve e transborda,
inunda-me a cabeça de pensamentos que cavam cada vez mais espaço para me enterrar.
Passo a mão no peito e sinto saliências,
estilhaços de indiferença que vais deixando em mi.
Não sei se é vidro,
mas corta,
dói e faz sangue como se fosse.
Não sei se é amor,
mas é algo que aperta,
um espartilho de pele que sufoca o que de mim quer sair e gritar por ti.
Fazes-me querer-te até à exaustão,
cansas-me o sentir e adormeces-me a vontade.
Não quero isto,
Leva!
Leva-o, porque não consigo mais viver com ele,
não me dá espaço,
não me deixa respirar.
Fica algures entre o coração e os pulmões,
é uma embolia diária que me paralisa
e que quase me mata...
Por mim tudo bem,
se isso significar que te tenho,
eu deixo-me morrer.

És indescritivelmente perfeito.
E eu um nada, pisado de tão invisível.

7 comentários:

Angela disse...

Simplesmente LINDO!

Anônimo disse...

Élia... dás-me uma vontade de mandar o link do teu blog ao moço.

João Pedro Lopes disse...

Eu acho que as vidas são como a História, diz que não se repete mas no fundo vivemos as mesmas coisas vezes e vezes sem conta com pequenas diferenças que, apesar de importantes, não nos são perceptíveis (pelo menos é raro em acontecer em tempo útil). O giro é vivermos a nossa vida e a vida dos outros, como o filhote que vive as frustrações do pai.

Isto tudo porque achei piada, tive a sensação, tanto neste como no post anterior, de "onde é que eu já li isto?" (linha do vasco santana no pátio das cantigas). E agora termino como eu gosto, com um verso:
"Isto é como tudo, não há-de ser nada..."

(desculpa pelo comentário grandito)

Não me contes o fim disse...

Um dos textos mais lindos que já li!

Tocou cá dentro...oui oui...muito mais que o nosso amigo "telmo" a ler-me a sina =p



Vá john...agora mete defeitos!!!

Ricardo Reis disse...

mi nobia,
estou verdadeiramente encantado com todo este teu lado poético =)**

Miguel Bugalho disse...

Fizeram-te bem os ares asiáticos :)

Anônimo disse...

ta uma ganda merda.

[xim xim]